Nota 7,0 Típica aventura infanto-juvenil tem gostinho nostálgico, apesar dos efeitos moderninhos
O gênero fantasia sempre foi uma fonte rentável para o cinema e a infância e a adolescência de muita gente ficou marcada por produções do tipo como, por exemplo, A História Sem Fim. Forte lembrança da década de 1980, nos anos 2000 tal vertente voltou com força total com o respaldo da literatura, como é o caso das séries As Crônicas de Nárnia e O Senhor dos Anéis entre outras. De olho no público que literalmente quer esquecer o mundo real e entrar em um imaginário quando decide ver um filme, fisgando inclusive boa parte da audiência adulta, o volume de produtos do tipo aumentou consideravelmente entre adaptações de livros e projetos originais. O problema é que nessa onda de pegar carona no sucesso dos outros muitos bons projetos não tiveram a chance de serem apresentados a uma grande faixa de público, sendo automaticamente rotulados como filmes do tipo caça-níquel, ou seja, produções B entregues em embalagens de luxo e da moda. Facilmente classificado desta maneira poderia ser a aventura As Pedras de Fogo pelo simples fato do longa não ter tido um amparo publicitário digno e nem ter passado pelo escurinho das salas de exibição no Brasil, mas engana-se quem o reduz a nada sem nem mesmo ter conhecimento de seu conteúdo, apenas julgando pelo seu anonimato involuntário. A trama criada por Matthew Grainger e Jonathan King, este último também assinando a obra como diretor, traz uma interessante premissa que coloca os irmãos gêmeos Rachel (Sophie McBride) e Theo (Tom Cameron) no centro das atenções. Após perderem a mãe em um acidente, eles vão passar uma temporada na casa dos tios, Klay (Micheala Rooney) e Cliff (Matthew Chamberlain), que fica localizada a beira de um lago que na verdade esconde uma cratera vulcânica. Mesmo vez ou outra ameaçados por algum tremor de terra, o que impressiona os adolescentes na realidade é um velho casarão que fica do outro lado da água cujos habitantes, os Wilberforces, são vistos com estranheza pelos vizinhos pelos seus atos introspectivos. Os jovens irmãos se sentem atraídos pela casa e certa noite decidem ir até lá para explorá-la e se surpreendem com o que descobrem.
Os Wilberforces são na realidade estranhas criaturas dotadas do poder de viajarem pelo espaço e adquirirem feições humanas que escondem seus aspectos de mortos vivos. Eles dominam os mundos (seriam planetas? Realidades paralelas?) e destroem os seus habitantes com a ajuda de gargantuas, seres que estão aprisionados sob várias camadas de rochedos graças aos esforços de sobreviventes de ataques anteriores, como é o caso do Sr. Jones (Sam Neil), uma espécie de guardião que há várias gerações busca gêmeos que compartilhem do dom da gemialidade, ou seja, irmãos que não são apenas idênticos na aparência física, mas que também tenham uma forte ligação espiritual. Eles seriam os guardiões do fogo, pessoas especiais que ao segurarem determinadas pedras conseguiriam liberar um poder contidos nelas capaz de destruir todas as criaturas do mal. Não é a toa que os irmãos tem cabelos ruivos. Baseado no livro "Under the Mountain" de Maurice Gee, a produção tem em sua essência os genes das nostálgicas sessões da tarde apresentando adolescentes correndo contra o tempo e arriscando suas vidas em nome de um bem maior. Aliando ação, suspense, uma pequena dose de terror e tiradas humorísticas, As Pedras de Fogo é realmente uma daquelas opções que você não dá nada por ela, mas se surpreende encontrando um bom entretenimento com efeitos especiais bacanas e uma trama envolvente, embora o enredo tenha alguns furos como não deixar claro se a morte dos gêmeos significaria a libertação das tais gargantuas, visto que outra dupla de irmãos muito tempo antes falhou na tentativa de exterminar os vilões, no entanto suas capturas não significaram o triunfo absoluto do mal, e o fato do personagem Jones aparentemente ser imortal e atravessar os séculos, porém, encontrando um trágico fim no novo milênio. Deixando os pormenores de lado, a diversão está garantida para quem gosta de puro entretenimento e um quê de saudosismo. Um forte candidato a clássico infanto-juvenil. Bem, isso se o público der uma chance ao filme e uma oportunidade a si mesmos de perceber que mesmo não tendo a vitrine da exibição dos cinemas ou não estejam mais ocupando vagas nas prateleiras de lançamentos das locadoras, existem boas opções a serem descobertas.
Aventura - 90 min - 2009
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